Foi sofrido como sempre. O Corinthians esteve muito perto de
sua primeira derrota na Copa Libertadores logo na partida de ida da final da
Libertadores. O lateral Roncaglia abriu o marcador para os argentinos aos 27
minutos da segunda etapa. No entanto, quando quase ninguém esperava uma reação
corintiana, o iluminado Romarinho, que acabara de entrar no lugar do apagado
meia Danilo deixou tudo igual aos 40 minutos, calando a abarrotada La Bombonera.
O primeiro tempo da final deixou a desejar. Houve poucos lances
de emoção. Nos primeiros minutos, o Corinthians até adotou uma postura ofensiva
em Buenos Aires. Aos 7, Paulinho passou por Schiavi e encheu o pé fora da área
para boa defesa de Orion. O Boca até tinha o grande domínio da posse de bola,
mas não conseguia furar a marcação corintiana. Sem sucesso, os xeneizes
apelaram para a catimba. Erviti cometeu faltas duras e se desentendeu várias
vezes com Emerson Sheik, que felizmente não caiu na provocação.
A etapa final foi muito mais emocionante. O Boca Juniors
adiantou a sua marcação e criou várias chances em jogadas de bola parada. O
Corinthians sentia falta do atacante Jorge Henrique, que no final do primeiro
tempo deixou o gramado lesionado. O jogador é muito importante na marcação pelo
setor direito adversário. O seu substituto, Liedson, visivelmente fora de forma
física, não conseguiu dar conta do recado.
De tanto alçar bolas nas áreas, o Boca abriu o placar aos 27
minutos. Mouche bateu escanteio na cabeça de Santiago Silva. O zagueiro Chicão
cortou com a mão em cima da linha e a bola sobrou para Roncaglia empurrar para
as redes de Cássio. Com o gol, o Boca tinha o domínio da partida e dava a
impressão que levaria a vitória até o apito final sem sustos. Ledo engano. Aos
37 minutos, o panorama mudou. O técnico Tite tirou um coelho da cartola.
Colocou o jovem meia-atacante Romarinho na vaga do apagado Danilo. Em seu
primeiro toque da bola, o ex-atleta do Bragantino decidiu a partida. Aos 40
minutos, o volante Paulinho desarmou Riquelme, rolou para Emerson Sheik,
que enfiou para Romarinho dar um leve toque, encobrindo o goleiro Orión. Empate
heroico. Nos minutos finais, o Boca quase voltou a ficar em vantagem no placar.
Viatri cabeceou bola na trave e no rebote, livre de marcação, Cvitanich perdeu
gol feito.
Com muita raça, o Corinthians segurou o empate na temida La
Bombonera e depende apenas da vitória na próxima quarta-feira no Pacaembu para comemorar
o tão sonhado título inédito. Digo mais uma vez: O Corinthians está com sorte
de campeão!! A Fiel está merecendo demais esse título!
Pitacos
Em poucos jogos pelo clube, o jovem Romarinho pode entrar de
vez na galeria de ídolos corintianos. O meia-atacante está com muita estrela.
Antes da primeira decisão da Libertadores, já havia marcado dois golaços na
vitória sobre o arquirrival Palmeiras no último final de semana pelo Campeonato
Brasileiro.
Nessa quarta-feira, com poucos minutos em campo, deu o gol de
empate ao Timão. O incrível é acreditar que até semanas atrás Romarinho estava
no modesto Bragantino, muito longe dos holofotes.
O volante Paulinho jogou demais em La Bombonera. Roubou várias
bolas, uma delas deu origem ao gol de empate e arriscou bons chutes de média e
longa distância. Tem tudo para ser o craque da Libertadores.
O cão de guarda Ralf não esteve bem em Buenos Aires. Errou muitos
passes e teve dificuldade em acompanhar o craque Riquelme. O volante pode
render muito mais!!
Pelo lado do Boca, destaco a ótima atuação do atacante
Santiago Silva. Nem parece aquele jogador que teve passagem relâmpago pelo
Corinthians em 2003 e que assustava a todos com sua deficiência técnica.
Hoje
com a camisa xeneize é a grande referência no ataque. Contra o ex-clube mostrou
bom repertório de jogadas e muita raça. Quase marcou um belo gol de bicicleta no primeiro
tempo. Para seu azar, a bola explodiu em Alessandro.
Após um primeiro tempo discreto, Riquelme melhorou na etapa
final e deu lindos passes para Santiago Silva e Mouche.
Não tem nada decidido ainda. O Boca Juniors já demonstrou ao
longo da história que costuma jogar bem longe dos seus domínios. Mesmo assim
acredito que o Timão está cada vez mais perto do título. Dificilmente vai “pipocar”
dentro do Pacaembu lotado.